sábado, 25 de setembro de 2010

A Morte Desnecessária

Quando eu morava em Brasília, por algum tempo vivi num apartamento que não tinha garagem, mas sim vagas na frente do prédio. Em certa madrugada ouvi um barulho vindo da direção onde eu havia estacionado o carro, perto da janela do meu quarto. Sem acender as luzes abri de leve a cortina, quando vi um rapaz com um galão e uma mangueira, roubando combustível do carro ao lado do meu. Por um instante hesitei entre chamar sua atenção ou telefonar para a polícia. Nisso, um tiro ecoou, vindo do apartamento vizinho. Uma mulher gritou, ouvi o barulho de um tapa e uma voz masculina mandando que ela calasse a boca. Olhei para o rapaz e ele estava caído. As luzes começaram a se acender e as pessoas a sair. Então pude ver que ele tinha recebido um tiro fatal na nuca. Estava bem vestido e ainda era um adolescente. A polícia descobriu um carro sem combustível próximo ao local e ficou-se sabendo que o garoto era de classe média alta, tinha dezoito anos e havia pego o carro dos pais escondido. Quando acabou o combustível, resolveu tirar de outro carro, para que eles não descobrissem. Por muito tempo me culpei por não ter gritado com o garoto imediatamente. E o pior, é que o assassino nem mesmo era o dono do carro.

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