segunda-feira, 31 de maio de 2010

Friozinho!...


Gente, tem coisa mais gostosa do que frio? Passo o ano inteiro esperando esfriar em Rio Preto, o que é meio difícil. Se eu pudesse teletransportar meus amigos -será que eles iam querer?- juro que iria para Santa Catarina, quem sabe para Gramado, Campos do Jordão, Monte Verde, Petrópolis ou Teresópolis, ou para qualquer lugar onde pudéssemos tomar vinho sentindo o calor e o cheiro de pinho vindo da lareira, ou tomar chocolate quente, degustar um maravilhoso "fondue" usando roupas quentinhas e elegantes, porque convenhamos, ninguém fica muito chique no verão. E a feijoada com caipirinha? E o pinhão cozido? E os caldos? Não é uma delícia dormir debaixo de um edredom de plumas? A pele fica linda e os cabelos brilhantes, podemos usar perfumes mais doces, é gostoso dormir agarradinha, nem que seja com seu cachorro ou gato. Mas é obvio que um companheiro humano é muuito melhor!...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Meu Outro Nome

Às vezes me esqueço que por muitos anos eu tive outro nome. Aconteceu o seguinte: meu avô paterno queria que meu nome fosse Leandra e meus pais não concordaram. Teimoso como era, ele resolveu que não me chamaria de outro nome e tornei-me Leandrinha. Meu "vô Chico" usava sempre chapéu e botinas e era uma figura fácilmente distinguível à distância, graças também à sua voz potente. No caminho entre minha casa e o colégio, em frente ao Banco do Brasil, havia uma espécie de "senadinho" ( lugar aqui em Rio Preto onde os homens se reúnem para falar de tudo). Vô Chico, com seus olhos de águia, ficava ali com os amigos, mas atento à minha passagem. Assim que me localizava, seja a que distância fosse, batia o pé no chão e estremecia a vizinhança com o grito imutável: -LEANDRINHA! VEM CÁ CAPETA!... e eu, vermelha de vergonha, pois era extremamente tímida, tinha que chegar perto e pedir-lhe a bênção. Nessa época, fazíamos o jogo do gato e rato. Eu tentava me esgueirar entre carros e pessoas para pegá-lo de surpresa quando já estivesse colada nele, e ele, por sua vez, ficava esquadrinhando a rua para poder soltar o seu grito de abalar quarteirão. Acho que ele adorava isso...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tonterias

Se existe um troféu para gente tonta, é meu. Faço coisas, que Deus e os mortais duvidam. Um dia fui a uma clínica pegar uns resultados de exames e meu marido resolveu esperar no carro. Saibam que entendo de carros tanto quanto entendo de física nuclear; não conheço marcas, não observo cores, muito menos placas. Pois bem. Peguei os resultados, saí e entrei no primeiro carro que vi na frente. Como sou extremamente vaidosa, abri a bolsa, tirei o espelho e o batom, retoquei, e nada do carro se movimentar. Aí cobrei uma atitude: "-amor, não vamos sair daqui?" resposta:"-para onde você quer ir?". Assustada olhei para o motorista e me deparei com o sorriso cínico de um rapaz que eu nunca havia visto. Rezando para que um meteoro caísse na minha cabeça, olhei para trás e vi meu marido com aquela expressão de -vamos ver o que a doidinha está aprontando agora-, esperando calmamente. Pedi desculpas ao rapaz e antes de descer ainda ouvi um "volte sempre!". Acho que ele simpatizou comigo e queria passear...

sábado, 22 de maio de 2010

Meu Tio

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que meu tio não é maluco; é lúcido, tem uma conversa agradável e muitos amigos. É apenas excêntrico. Quando era jovem, apaixonou-se por uma bela moça e ficaram noivos. Comprou uma casa e tudo transcorria entre arrulhos, até que ele deu carta branca para que ela escolhesse os móveis. A cada dia ele se mostrava mais fechado e em poucos dias procurou os pais na noiva e simplesmente desfez o noivado, sem mais nem menos. Noiva desesperada, famílias atarantadas, quando ele foi práticamente forçado a explicar que ela estava exageradamente interessada em luxo antes do casamento, imaginassem depois; e que portanto, o capítulo casamento, no que lhe concernia, estava encerrado para sempre. E assim foi. Dizem as más linguas que desde então ele recebe moças discretas, que vão à sua casa "prestar-lhe favores"e que entram e saem à noite, sendo substituídas regularmente, para evitar apego de qualquer das partes. Certamente ele achou esse arranjo mais coerente. É hoje um homem com mais de setenta anos, mas conserva intacta embora totalmente branca a sua bela cabeleira leonina e olhos verdes amendoados. Um dia meu tio resolveu abrir um bar, que funcionou muito bem até que num de seus repentes resolveu fechá-lo. Mas esbarrou com a burocracia que exigia o pagamento de uma taxa para isso. Decidiu que não era justo e até hoje, mais de dez anos depois, mantém o bar aberto mas não vende nada, apenas recebe os amigos para conversar. Diz que morre antes de pagar a tal taxa. Ele tem um cômodo na sua casa, repleto de caixas de creme dental, já secos dentro das embalagens. Não adianta perguntar, que ele não conta para que os guarda. Primos brincam que seriam a única salvação numa possível hecatombe nuclear (rsrsrsrsrs...). Tenho muito mais a contar sobre ele, mas não gostaria que o classificassem como desequilibrado, porque estranhamente (???) eu o compreendo e temos uma grande afinidade. Até a próxima. Beijos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mágoa

Houve um tempo em que eu não conhecia um sentimento chamado mágoa. Minha vida não foi fácil, mas eu era feliz. Acreditava em padres e médicos, e nas pessoas em geral. Casei e abandonei um excelente salário e uma carreira promissora, porque meu sonho de criança era ser mãe e esposa, envelhecer ao lado de meu marido, cercada de netos. Escolhi com cuidado um homem de coração grande e sentimentos nobres, que sonhasse o mesmo sonho. Trabalhamos e estudamos muito, planejando uma velhice num sítio cheio de plantas e flores, com um cachorro e um gato e um riozinho de águas transparentes. Ah! teríamos um carro resistente, pois faríamos muitos passeios ecológicos, principalmente pelo sul, região que gostamos muito. Cultivaríamos uma horta orgânica e tomaríamos vinho em frente à lareira. Material e emocionalmente tudo se encaminhava bem, quando tivemos a infelicidade de encontrar pela frente uma daquelas pessoas em que acreditávamos piamente, que teve a "coragem"de olhar dentro dos meus olhos e garantir que era um dos melhores médicos do País na sua especialidade. Com um bisturi ele destruiu nossa vida e todos nossos sonhos e me presenteou com uma mágoa com a qual tenho que lutar todos os dias, pois o bisturi dele continua cravado em meu coração. Desculpem se hoje não estou
divertida, mas depois de mais uma noite acordada cuidando de uma tênue imagem do homem vigoroso e alegre que confiei às mãos daquele que antes de levá-lo para a sala de cirurgia ainda falou de sua fé em Deus,
fica difícil recuperar o equilíbrio. Mas podem acreditar que eu consigo. Provávelmente hoje mesmo já terei de volta o meu senso de humor. Ele não vai me tirar isso também. Beijos aos que nos amam e aos médicos sérios e amigos que temos, felizmente.

domingo, 9 de maio de 2010

Para Sempre

Trancrevo um poema de Carlos Drummond de Andrade, oferecido a mim por minha filha Caroline. Obrigada a minhas duas "menininhas", pelo carinho que sempre demonstraram, especialmente hoje, quando a minha alma brilha, na expectativa do primeiro neto. Serei mãe para sempre, cumprindo o papel que mais gosto, no teatro da vida.
"Porque Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
luz que não apaga
quando sopra o vento.
E chuva desaba
veludo escondido
na pele enrugada
água pura, ar puro
puro pensamento
Morrer acontece
com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio
Mãe na sua graça,
É eternidade
Por que Deus se lembra-mistério profundo- de tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei
Mãe não morre nunca,
Mãe ficará para sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino,
Feito um grão de milho."

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Deusa Mãe


É tempo de reverenciar as mães. Como não existem regras sem exceções, sabemos que nem todas são como deveriam ser. Há mães cruéis, negligentes, sádicas, egoístas. Estas me entristecem.
Mas felizmente, dentro da maioria das mulheres existe o maravilhoso instinto materno, que, independente de gestação, cria um sentimento de amor incondicional, o desejo de proteger e cuidar.
Mulheres de verdade fazem os ensaios de maternidade cuidando dos "dodóis"das suas bonecas e depois tornam-se mães de filhos biológicos, adotivos, maridos, animais, irmãos, amigos, e, até mesmo dos próprios pais.
São mães dos alunos, dos subordinados, dos pacientes, dos amigos dos filhos, de todos aqueles que elas conseguem colocar dentro do seu círculo de atenção.
É para estas mulheres, mãezinhas de 2 a 102 anos, que carregam no coração a chama divina do mais desprendido amor, que dedico minha imensa admiração. Feliz dia das mães!...