quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cômico e Trágico

Na minha antiga casa, meu marido sempre estacionou o carro de frente, na garagem. Um dia, percebi que ele havia estacionado de ré. O alarme soou na minha cabeça e eu perguntei porque ele havia estacionado assim. À época, ele tinha um Del Rey (não sei se escreve assim) novo, ar-condicionado, vidros fumê, um luxo. Voltando ao questionamento, respondeu que colocou o carro assim porque de repente deu vontade. E o alarme tocando no cérebro... Resolvi olhar o carro e ele veio atrás, tentando fazer com que eu mudasse de itinerário. Quando cheguei na frente do carro, eis que encontrei uma cratera, como se uma pedra gigante tivesse caído ali. Perguntei o que havia acontecido e ele disse que havia atropelado um cavalo. Continuei a investigação e percebi outra depressão menor na parte posterior do teto. Aí, fiquei sem entender nada, porque de acordo com minha "perícia", nem mesmo a cabeça do cavalo chegaria ali, a não ser que fosse uma cabeça voadora. Chamei o "meliante"de volta e pedi que explicasse a outra depressão. Pasmem com a cândida resposta: "Ah, sim, é que eu esqueci de te dizer, que em cima do cavalo havia um homem!"

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre o Não Ser

Relutante, venho aqui escrever não sei exatamente o quê. Encontro-me numa fase de catalepsia emocional, da qual não sei em que estado sairei. Sinto-me no limbo, flutuando no nada. As sensações estão embotadas no fundo da mente, não sei mais quem sou. Sei que devo esperar: mas esperar o quê? Até quando? Tenho que me parir, acho. Mas sobreviverei? Nascerei completa, com todos os dedos, braços e pernas? Nascerei com coração? Os dias são longos, solitários e sombrios. Acho que o líquido amniótico turva minha percepção. Às vezes o cordão umbilical trava minha garganta. E continuo presa num eterno giro, esperando a luz chegar.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Adaptação de um texto de Artur da Távola


"Quem diz que gato é arrogante, egoísta, safado e espertalhão não conhece um gato.

Gato é zen, é Tao, vê além do homem e relaciona-se com a essência.

Exige respeito pela sua individualidade, mas também sabe respeitar a dos que o cercam.

Não pede amor, mas é exigente com quem ama e exige retribuição.

Discreto, quando manifesta afeto é muito verdadeiro.

Se o homem não sabe ver o gato, o gato sabe ver o homem.

Vê mais, vê dentro, vê além.

O gato é uma lição de harmonia, equilíbrio e fidelidade.

Suas manifestações são íntimas e profundas, vive do verdadeiro e não se ilude com aparências.

Em toda a natureza, ninguém aprendeu a bastar-se como um gato!"
Por quê escrevo tanto sobre gatos? Porque eu tenho alma felina.

domingo, 10 de outubro de 2010

Rótulos

Quero me despir
de todos os rótulos.
Que afastam
e blindam.
E quando todos eles caírem
surgirei livre,
Fêmea e Fênix.
Os rótulos, vou guardá-los
cuidadosamente.
Depois de morta
Podem (e devem) recolocá-los.
Pois é sabido que os mortos
Quase sempre são santos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tristeza

Estou tão triste, tão triste, que dói. Literalmente. Sinto uma dor tão grande, que sai do coração e chega à garganta, onde se condensa em um nó permanente. Como pode uma pessoa viver sem sonhos? Como viver sem esperança? Sem emoção? Tão ferida estou, que gostaria de me deixar morrer. A cada dia reajo menos, mais difícil me arrastar em busca de um pouco de alegria, o alimento que me mantém. Mas não há um pedaço de mim que não esteja ferido. Às vezes me aproximo de pessoas que poderiam me fazer um afago que aqueceria meu coração. Mas não sei se elas não percebem o quanto poderiam me ajudar, ou interpreto como agressão as mãos que para mim se estendem. Então mordo. E volto ao meu canto, mais dolorida. Desisti. Uma criatura tão ferida não deve se aproximar de ninguém. Nada de bom tenho a oferecer, já me esvaziei...

domingo, 3 de outubro de 2010

Fruta Madura

Nua na frente do espelho, ela se olha de relance.

Não queria, mas precisa.

Por quê a natureza lhe pregou essa peça?

Se aproxima e relutante se toca: cabelos, rosto.

Corpo nas corretas proporções.

Com as mãos em concha, sente o peso dos seios.

Redondos e sensíveis.

Toca a maciez da pele.

Barriga, coxas, nádegas, quadris.

Fruta madura e doce.

Esquecida, no fundo de uma gaveta.

sábado, 25 de setembro de 2010

A Morte Desnecessária

Quando eu morava em Brasília, por algum tempo vivi num apartamento que não tinha garagem, mas sim vagas na frente do prédio. Em certa madrugada ouvi um barulho vindo da direção onde eu havia estacionado o carro, perto da janela do meu quarto. Sem acender as luzes abri de leve a cortina, quando vi um rapaz com um galão e uma mangueira, roubando combustível do carro ao lado do meu. Por um instante hesitei entre chamar sua atenção ou telefonar para a polícia. Nisso, um tiro ecoou, vindo do apartamento vizinho. Uma mulher gritou, ouvi o barulho de um tapa e uma voz masculina mandando que ela calasse a boca. Olhei para o rapaz e ele estava caído. As luzes começaram a se acender e as pessoas a sair. Então pude ver que ele tinha recebido um tiro fatal na nuca. Estava bem vestido e ainda era um adolescente. A polícia descobriu um carro sem combustível próximo ao local e ficou-se sabendo que o garoto era de classe média alta, tinha dezoito anos e havia pego o carro dos pais escondido. Quando acabou o combustível, resolveu tirar de outro carro, para que eles não descobrissem. Por muito tempo me culpei por não ter gritado com o garoto imediatamente. E o pior, é que o assassino nem mesmo era o dono do carro.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Dúvida? Espere Esfriar...

Ontem recebi um e-mail daqueles cabulosos, que você não sabe como responder, porque não entende bem o que existe nas entrelinhas e fica em dúvida sobre o que dizer à pessoa, sem se comprometer. Li e reli diversas vezes, quando me lembrei de ter visto escrito em algum lugar, que quando você estiver numa situação como essa, deve colocar a "batata quente" de lado e esperar esfriar, porque depois saberá o que fazer. Deixei o e-mail quietinho na caixa postal e fui responder aos outros e fazer tudo que devia fazer no computador. Parece que enquanto o problema fica no canto, sábiamente o computador maior que é o nosso cérebro, fica trabalhando naquilo. Quando voltei para encarar o "dito cujo", tive um "insight"; eu possuo o sagrado direito de dizer NÃO. Posso me recusar a receber um telefonema, posso me recusar a fazer o que não quero, posso me recusar a receber visitas indesejadas, então posso recusar um e-mail que entrou na minha intimidade e não é bem-vindo. Com uma sensação de alívio, peguei o cursor e exclui.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Funeral Blues - de WH Auden

Parem os relógios
Cortem o telefone
Impeçam o cão de latir
Silenciem os pianos e com um toque de tambor tragam o caixão
Venham os pranteadores
Voem em círculos os aviões escrevendo no céu a mensagem:
"Ele está morto"
Ponham laços nos pescoços brancos das pombas
Usem os policiais luvas pretas de algodão.
Ele era meu norte, meu sul, meu leste e oeste.
Minha semana de trabalho e meu domingo
Meu meio-dia, minha meia-noite.
Minha conversa, minha canção.
Pensei que o amor fosse eterno, enganei-me.
As estrelas são indesejadas agora, dispensem todas.
Embrulhem a lua e desmantelem o sol
Despejem o oceano e varram o bosque
Pois nada mais agora pode servir.

sábado, 24 de julho de 2010

O Mistério das Freiras Escorraçadas

Um fato me intriga desde que eu era criança (não vale nenhuma piada sobre idade, porque sim, eu já fui criança). Entrei no colégio interno aos sete anos, como era de praxe; não ir para o colégio interno, mas pela idade, entenda-se. Era um colégio de freiras, onde estudavam as crianças cujos pais desejavam uma educação mais apurada para as filhas, pois falávamos, rezávamos e cantávamos em português e francês, além de aulas de etiqueta, instrumentos musicais, pintura, etc., etc. Nessa época eu era a mais jovem do colégio e a menor em estatura, daí naturalmente virar a mascote do colégio. Eu chamava as irmãs de "tias" quando esse era apenas um tratamento de parentesco, elas e as meninas mais velhas me colocavam no colo e me chamavam de Martinha. Eu adorava o colégio e as irmãs. Em determinadas férias de final de ano, fui para a fazenda e quando retornei , não encontrei nenhuma das minhas queridas irmãs. Quando minha mãe questionou, disseram que a direção resolvera transferí-las e como se tratava de normas internas, ninguém tinha permissão para falar sobre o assunto. Isso era totalmente inusitado e incompreensível. Logo ficamos sabendo que um dia, de repente, chegaram à cidade algumas personalidades eclesiásticas e todas as freiras substitutas. Durante a missa, o Bispo, sem explicar a razão, teria pedido às senhoras da cidade para trazerem ao colégio roupas e lenços de cabeça ( as irmãs usavam hábitos fechados e raspavam a cabeça), alegando que elas teriam que sair do colégio em trajes normais, e que, inclusive, as pessoas deveriam abrigá-las até que elas pudessem resolver onde ir. Minha mãe conversou com pessoas que recolheram algumas delas e essas pessoas disseram que as irmãs choravam muito, mas se recusavam a dizer o que havia acontecido. Até hoje eu me questiono: o que elas poderiam ter feito de tão grave, que ninguém percebeu? Por que mereceram uma punição tão severa, como a expulsão?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cantadas de Pedreiros

A cada dia ficam mais escassas as famosas cantadas de pedreiros. Os peões de obra faziam verdadeiras terapias, aumentando a auto-estima das mulheres, que em sua maioria faziam de conta que não estavam ouvindo, mas quando eles não estavam mais vendo, exibiam um sorriso maroto, pois além de engraçadas, as cantadas eram distribuídas generosamente, mesmo para aquelas menos favorecidas. Lembro-me que um dia, uma amiga chegou em minha casa genuinamente triste, achando-se horrorosa, porque passara frente a uma obra e não ouvira nem mesmo um assovio. Tive que explicar-lhe que algum fato extraordinário devia estar acontecendo quando ela passou, porque se assim não fosse, jamais ela passaria imune. Hoje um fato sociológico vem fazendo com que o papel dos pedreiros esteja se transferindo para os garis dos caminhões de coleta de lixo. Acho que as leis do trabalho com seus tapumes e equipamentos de segurança, estão isolando os "poetas" das suas "musas". Assumem aqueles que antes eram calados, mas não sei através de qual arranjo ou código secreto, receberam a sublime missão de continuar o trabalho abnegado de seus machos companheiros. Aconselho a quem tem sentido falta de uma boa cantada cafajeste, nem que seja para dar uma risada, que deixe seu carro e passe displicentemente perto de um caminhão de lixo. Eles ainda não estão muito afiados, mas há que se considerar que estão começando agora e dar-lhes um desconto...Rsrsrsrsrsrs...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Prato Orgásmico

Considero prato orgásmico aquele que você começa dizendo"ai meu Deus!"na primeira garfada e continua gemendo até acabar de comer. No momento tenho três pratos nessa categoria, e, acho que não por acaso, todos à base de camarão; o primeiro é camarão com arroz, queijo brie e damasco, servido no Cantinella, uma combinação perfeita de sabores. No Bambina, para quem adora alho, o Camarão à Provençal é uma coisa! Aliás, todos os pratos ali são ótimos. Depois, no restaurante Flor de Sal, há o imperdível Camarão Tropical (faz até rima), com leite de côco e capim-santo, que é uma viagem dos sentidos. Se você resolver experimentar qualquer desses pratos, só devo dar um conselho: controle-se, para não escandalizar as outras pessoas presentes. Rsrsrsrsrsrsrsrs...Quero deixar claro que esse "merchandising" é gratuito; são apenas dicas para meus amigos que gostam de usufruir dessa delícia da vida, que é comer bem. "Bon apetit!"

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Folia de Reis Fantasma

Eu me lembro assim e minha mãe confirma. Lá pelos meus cinco ou seis anos, quando morávamos numa fazenda no fim do mundo, aconteceu um fato que até hoje me intriga. Não tínhamos vizinhos muito próximos e havia um caseiro chamado Alvino, que vivia numa casa construída numa clareira atrás da nossa. Havia uma estradinha que ladeava a nossa casa, atravessava uma pequena ponte e saía em frente à dele. Sendo assim, o único acesso era através da nossa, e só havia uma estrada para chegar à fazenda. Minha família era presbiteriana, portanto, na época de Reis, os Grupos de Folia não nos visitavam. Um dia, meu pai e Alvino viajaram para algum negócio, e ficamos na casa principal minha mãe e eu, e na outra, a esposa dele Vanda (que ajudava nos serviços domésticos) e o filhinho pequeno. Nessa noite específica, havíamos acabado de nos recolher, quando começamos a ouvir o barulho de uma Folia de Reis que se aproximava. Até hoje a cantoria, o toque dos instrumentos, o barulho dos cavalos, são nítidos em minha mente. Minha mãe se apavorou porque todos sabiam que éramos "crentes", meu pai não estava em casa e ela não estava preparada para servir comida e bebida para uma Folia que parecia ser grande. Eu, curiosa como toda criança, queria abrir a janela para vê-los e minha mãe impediu, argumentando que assim teríamos que deixá-los entrar. Nisso ela ficou aliviada, pois eles não pararam e seguiram a estradinha lateral, em direção à outra casa, o que era estranho, embora eles fossem católicos. Passados alguns minutos fez-se um silêncio repentino e logo depois a Vanda começou a esmurrar a nossa porta pedindo pelo amor de Deus que minha mãe abrisse a porta. Lembro-me como se tivesse acontecido ontem, dela entrar correndo com o filho no colo, pele totalmente pálida e de olhos assustados. Pediu que minha mãe fechasse a porta depressa e com a voz estrangulada de medo disse que ouviu o mesmo que nós e estranhou que fossem à nossa casa; depois percebeu que tomavam a direção de sua casa e ficou preocupada por não poder recebê-los com as devidas regalias. Mesmo assim, quando pararam no pátio da frente, achou que devia oferecer pelo menos um café. Estavam cantando e tocando quando ela abriu a porta. Mas não havia nada nem ninguém, apenas o luar e o silêncio.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Friozinho!...


Gente, tem coisa mais gostosa do que frio? Passo o ano inteiro esperando esfriar em Rio Preto, o que é meio difícil. Se eu pudesse teletransportar meus amigos -será que eles iam querer?- juro que iria para Santa Catarina, quem sabe para Gramado, Campos do Jordão, Monte Verde, Petrópolis ou Teresópolis, ou para qualquer lugar onde pudéssemos tomar vinho sentindo o calor e o cheiro de pinho vindo da lareira, ou tomar chocolate quente, degustar um maravilhoso "fondue" usando roupas quentinhas e elegantes, porque convenhamos, ninguém fica muito chique no verão. E a feijoada com caipirinha? E o pinhão cozido? E os caldos? Não é uma delícia dormir debaixo de um edredom de plumas? A pele fica linda e os cabelos brilhantes, podemos usar perfumes mais doces, é gostoso dormir agarradinha, nem que seja com seu cachorro ou gato. Mas é obvio que um companheiro humano é muuito melhor!...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Meu Outro Nome

Às vezes me esqueço que por muitos anos eu tive outro nome. Aconteceu o seguinte: meu avô paterno queria que meu nome fosse Leandra e meus pais não concordaram. Teimoso como era, ele resolveu que não me chamaria de outro nome e tornei-me Leandrinha. Meu "vô Chico" usava sempre chapéu e botinas e era uma figura fácilmente distinguível à distância, graças também à sua voz potente. No caminho entre minha casa e o colégio, em frente ao Banco do Brasil, havia uma espécie de "senadinho" ( lugar aqui em Rio Preto onde os homens se reúnem para falar de tudo). Vô Chico, com seus olhos de águia, ficava ali com os amigos, mas atento à minha passagem. Assim que me localizava, seja a que distância fosse, batia o pé no chão e estremecia a vizinhança com o grito imutável: -LEANDRINHA! VEM CÁ CAPETA!... e eu, vermelha de vergonha, pois era extremamente tímida, tinha que chegar perto e pedir-lhe a bênção. Nessa época, fazíamos o jogo do gato e rato. Eu tentava me esgueirar entre carros e pessoas para pegá-lo de surpresa quando já estivesse colada nele, e ele, por sua vez, ficava esquadrinhando a rua para poder soltar o seu grito de abalar quarteirão. Acho que ele adorava isso...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tonterias

Se existe um troféu para gente tonta, é meu. Faço coisas, que Deus e os mortais duvidam. Um dia fui a uma clínica pegar uns resultados de exames e meu marido resolveu esperar no carro. Saibam que entendo de carros tanto quanto entendo de física nuclear; não conheço marcas, não observo cores, muito menos placas. Pois bem. Peguei os resultados, saí e entrei no primeiro carro que vi na frente. Como sou extremamente vaidosa, abri a bolsa, tirei o espelho e o batom, retoquei, e nada do carro se movimentar. Aí cobrei uma atitude: "-amor, não vamos sair daqui?" resposta:"-para onde você quer ir?". Assustada olhei para o motorista e me deparei com o sorriso cínico de um rapaz que eu nunca havia visto. Rezando para que um meteoro caísse na minha cabeça, olhei para trás e vi meu marido com aquela expressão de -vamos ver o que a doidinha está aprontando agora-, esperando calmamente. Pedi desculpas ao rapaz e antes de descer ainda ouvi um "volte sempre!". Acho que ele simpatizou comigo e queria passear...

sábado, 22 de maio de 2010

Meu Tio

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que meu tio não é maluco; é lúcido, tem uma conversa agradável e muitos amigos. É apenas excêntrico. Quando era jovem, apaixonou-se por uma bela moça e ficaram noivos. Comprou uma casa e tudo transcorria entre arrulhos, até que ele deu carta branca para que ela escolhesse os móveis. A cada dia ele se mostrava mais fechado e em poucos dias procurou os pais na noiva e simplesmente desfez o noivado, sem mais nem menos. Noiva desesperada, famílias atarantadas, quando ele foi práticamente forçado a explicar que ela estava exageradamente interessada em luxo antes do casamento, imaginassem depois; e que portanto, o capítulo casamento, no que lhe concernia, estava encerrado para sempre. E assim foi. Dizem as más linguas que desde então ele recebe moças discretas, que vão à sua casa "prestar-lhe favores"e que entram e saem à noite, sendo substituídas regularmente, para evitar apego de qualquer das partes. Certamente ele achou esse arranjo mais coerente. É hoje um homem com mais de setenta anos, mas conserva intacta embora totalmente branca a sua bela cabeleira leonina e olhos verdes amendoados. Um dia meu tio resolveu abrir um bar, que funcionou muito bem até que num de seus repentes resolveu fechá-lo. Mas esbarrou com a burocracia que exigia o pagamento de uma taxa para isso. Decidiu que não era justo e até hoje, mais de dez anos depois, mantém o bar aberto mas não vende nada, apenas recebe os amigos para conversar. Diz que morre antes de pagar a tal taxa. Ele tem um cômodo na sua casa, repleto de caixas de creme dental, já secos dentro das embalagens. Não adianta perguntar, que ele não conta para que os guarda. Primos brincam que seriam a única salvação numa possível hecatombe nuclear (rsrsrsrsrs...). Tenho muito mais a contar sobre ele, mas não gostaria que o classificassem como desequilibrado, porque estranhamente (???) eu o compreendo e temos uma grande afinidade. Até a próxima. Beijos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mágoa

Houve um tempo em que eu não conhecia um sentimento chamado mágoa. Minha vida não foi fácil, mas eu era feliz. Acreditava em padres e médicos, e nas pessoas em geral. Casei e abandonei um excelente salário e uma carreira promissora, porque meu sonho de criança era ser mãe e esposa, envelhecer ao lado de meu marido, cercada de netos. Escolhi com cuidado um homem de coração grande e sentimentos nobres, que sonhasse o mesmo sonho. Trabalhamos e estudamos muito, planejando uma velhice num sítio cheio de plantas e flores, com um cachorro e um gato e um riozinho de águas transparentes. Ah! teríamos um carro resistente, pois faríamos muitos passeios ecológicos, principalmente pelo sul, região que gostamos muito. Cultivaríamos uma horta orgânica e tomaríamos vinho em frente à lareira. Material e emocionalmente tudo se encaminhava bem, quando tivemos a infelicidade de encontrar pela frente uma daquelas pessoas em que acreditávamos piamente, que teve a "coragem"de olhar dentro dos meus olhos e garantir que era um dos melhores médicos do País na sua especialidade. Com um bisturi ele destruiu nossa vida e todos nossos sonhos e me presenteou com uma mágoa com a qual tenho que lutar todos os dias, pois o bisturi dele continua cravado em meu coração. Desculpem se hoje não estou
divertida, mas depois de mais uma noite acordada cuidando de uma tênue imagem do homem vigoroso e alegre que confiei às mãos daquele que antes de levá-lo para a sala de cirurgia ainda falou de sua fé em Deus,
fica difícil recuperar o equilíbrio. Mas podem acreditar que eu consigo. Provávelmente hoje mesmo já terei de volta o meu senso de humor. Ele não vai me tirar isso também. Beijos aos que nos amam e aos médicos sérios e amigos que temos, felizmente.

domingo, 9 de maio de 2010

Para Sempre

Trancrevo um poema de Carlos Drummond de Andrade, oferecido a mim por minha filha Caroline. Obrigada a minhas duas "menininhas", pelo carinho que sempre demonstraram, especialmente hoje, quando a minha alma brilha, na expectativa do primeiro neto. Serei mãe para sempre, cumprindo o papel que mais gosto, no teatro da vida.
"Porque Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
luz que não apaga
quando sopra o vento.
E chuva desaba
veludo escondido
na pele enrugada
água pura, ar puro
puro pensamento
Morrer acontece
com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio
Mãe na sua graça,
É eternidade
Por que Deus se lembra-mistério profundo- de tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei
Mãe não morre nunca,
Mãe ficará para sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino,
Feito um grão de milho."

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Deusa Mãe


É tempo de reverenciar as mães. Como não existem regras sem exceções, sabemos que nem todas são como deveriam ser. Há mães cruéis, negligentes, sádicas, egoístas. Estas me entristecem.
Mas felizmente, dentro da maioria das mulheres existe o maravilhoso instinto materno, que, independente de gestação, cria um sentimento de amor incondicional, o desejo de proteger e cuidar.
Mulheres de verdade fazem os ensaios de maternidade cuidando dos "dodóis"das suas bonecas e depois tornam-se mães de filhos biológicos, adotivos, maridos, animais, irmãos, amigos, e, até mesmo dos próprios pais.
São mães dos alunos, dos subordinados, dos pacientes, dos amigos dos filhos, de todos aqueles que elas conseguem colocar dentro do seu círculo de atenção.
É para estas mulheres, mãezinhas de 2 a 102 anos, que carregam no coração a chama divina do mais desprendido amor, que dedico minha imensa admiração. Feliz dia das mães!...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Receita de Mulher

Gosto demais deste poema de Vinicius de Moraes. No entanto, como é um pouco extenso, quero dividir com vocês, pelo menos a última parte.
"...
Que a mulher seja em princípio alta
Ou caso baixa, que tenha a altitude mental dos altos píncaros
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abrí-los ela não mais estará presente
Com o seu sorriso e suas tramas
Que ela surja, não venha, parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer súbitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável."

domingo, 25 de abril de 2010

"Serial Killer"de Gatos

Hoje, quando acordei, tive um "insight"; deve existir alguém por aí pensando que sou uma cruel assassina de gatos, logo eu que os amo tanto. Quando morávamos em Cuiabá, tínhamos uma casa enorme, com um lindo jardim de plantas ornamentais e frutíferas. Um dia apareceu por lá um gato de rua, com presas enormes e visíveis sinais de longos anos de luta pela sobrevivência. Veio com jeito de que moraria conosco, embora extremamente arisco. Como entendo a psicologia felina, pedi que ninguém tentasse tocá-lo, apenas que fosse bem alimentado. Quem conhece o sabor da conquista por merecimento pode entender a alegria que senti quando um dia, enquanto estava sentada na varanda, ele veio sutilmente, esfregou-se em minhas pernas e concedeu-me o privilégio de alisar as suas costas. Em poucos dias nós o encontramos morto. Resolvi enterrá-lo debaixo de uma frondosa mangueira. Logo começaram a aparecer gatos vira-latas idosos ou muito doentes, que transformaram minha casa num asilo. Eram cuidados até a morte e fiz da sombra da mangueira um cemitério. Quando nos mudamos de lá, tive o desprazer de ver todo o jardim arrancado, inclusive a bela mangueira, pois os novos donos não gostavam de plantas. Hoje fiquei imaginando a reação deles se encontraram um monte de esqueletos de gatos enterrados no mesmo lugar. É possível que tenham pensado que eu matava os gatos que entravam na minha casa, quem sabe em rituais macabros!...Credo!...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Agnosticismo

Nasci em família protestante, mais precisamente presbiteriana. Estudei sempre em colégio católico. Criança li toda a Biblia, impulsionada pelo imenso desejo de decifrar aquilo que as religiões não podiam me explicar. Assim, além das religiões mencionadas, pesquisei profundamente o espiritismo, li sobre o budismo, o islamismo e todas as seitas e segmentos que abordavam o assunto. Só depois dos cinquenta anos tornei-me agnóstica e interrompi a frenética procura. Descobri que só posso saber com certeza de duas coisas: 1-existe uma força suprema que rege todo o universo; 2-sou tão pequena que nunca vou alcançar os seus mistérios. Portanto, resolvi que cabe a mim apenas viver cada momento, seguindo a ética da minha consciência, que não por acaso, coincide com os princípios básicos de todas as religiões. Acho que a dor extrema me ensinou isso. Finalmente serenei.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Madrugadas Tragicômicas

Meu amado sofre (também) do Mal de Parkinson. A doença já está num estágio avançado. Não sei se por ela ou por efeito colateral do remédio, ou porque o sonambulismo da juventude voltou de uma forma diferente, as nossas madrugadas são agitadas. Vou contar o roteiro da noite que passou. Pouco depois das três horas ele me acorda e diz carinhosamente: -Bom dia, meu amor! Como tenho dificuldade em recuperar o sono, ainda estou acordada, quando novamente sou tocada e ouço: -Boa noite, meu amor! Um pouco mais tarde e já insone, ouço a pergunta: -Hoje é segunda ou terça? Respondo: -É segunda, meu bem! Daí a pouco ele me pede para fazer "conchinha", um hábito que cultivamos durante todos esses mais de trinta anos, mas de manhã, não às quatro e pouco da madrugada. Me encaixo, e enquanto ele ressona e balbucia, eu espero o dia amanhecer e faço o *jogo do contente*; que bom que ele está vivo para fazer isso! Depois do almoço eu durmo!

A Avó Que Subiu no Telhado

Imaginei que todo mundo conhecia a história do *gato que subiu no telhado*. No ano passado, depois de receber um telefonema de uma cunhada que mora em Belo Horizonte, liguei para minha filha Carol:
-Ôi filha, tudo bem? Pois é, eu tenho uma notícia para te dar, que infelizmente não é muito agradável;
-Credo, mamãe, o que aconteceu? Papai está bem?
-Não se preocupe, ele está bem, mas a sua avó, a mãe dele(não disse o nome, porque as duas avós são homônimas), subiu no telhado;
-O quê? mamãe, você está bem? Como a vovó, com mais de noventa anos e na cadeira de rodas ia subir no telhado?
-Na verdade, depois eu ia dizer que ela caiu do telhado!
-Agora eu que estou cada vez mais preocupada com você. Como vovó ia cair do telhado se ela nem mesmo consegue subir?
Então percebi que eu fui infeliz na escolha da abordagem e contei sem anestesia, que a avó havia
falecido. Essa é Marta, bem intencionada, mas nem sempre bem sucedida.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Caroço de Manga

A muitos anos atrás, contratei uma empregada doméstica de 19 anos, boa aparência, talvez com a cintura um pouquinho grossa. Usava shorts curtos com camiseta, trabalhava normalmente, embora dormisse muito. Havia um moço bonito que ocasionalmente a visitava e os dois sentavam-se na varanda e cochichavam muito. Sem intimidades aparentes. Quando perguntei, disse-me que tratava-se do padre da paróquia dos seus pais, que quando vinha à cidade passava para saber e dar notícias e conselhos. Achei bonito. Passados quatro meses, numa tarde a moça começou a passar mal, porque de acordo com ela, tinha problemas no fígado e tinha comido uma manga verde. Sugeri uma ida ao hospital, que ela não aceitou, dizendo que para isso costumava tomar elixir paralguma coisa. À noite acordei com barulho na cozinha e fui ver. Encontrei-a tomando o tal elixir, com uma mancha molhada na roupa. Corri a chamar o meu marido para levá-la urgente ao pronto socorro, pois eu achava que a "pobrezinha" estava com tanta dor que tinha feito xixi na roupa. Ele levantou-se de pronto e levou-a sob veementes protestos. Lá, após exames, disseram que iam fazer uma lavagem estomacal e no outro dia estaria liberada. Imaginem a nossa surpresa quando meu marido foi buscá-la e a enfermeira, com um sorriso sarcástico, comunicou que ela havia sido transferida para a maternidade, porque tinha tido um "caroço de manga" de 52 cm, e, surpresa!... estava vivo e gozava de excelente saúde. Só comigo essas coisas acontecem!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Dividindo...

Ôi. Sabem porque escolhi este nome para o meu blog? Lógico que sabem. Eu pretendo fazer cumprir o destino deste instrumento virtual: escrever e dividir as minhas vivências, as coisas alegres, as divertidas, e, porque não, as minhas tristezas. Para mim amigo é o que ri e o que chora com a gente. Quando fiz a última postagem, eu tinha encontrado no meu caderno de notas aquele poeminha despretencioso que eu escrevi num dia de muito amor. No momento em que li, abriu-se a ferida que me esforço para cicatrizar, e eu não consegui segurar as lágrimas. Ao dividir a minha dor com vocês, mostrei o meu lado frágil e fiz um desabafo no ombro de amigos.
É dividindo que aliviamos o peso do fardo. Obrigada a quem leu e entendeu. Até breve!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Nina

Eu tenho uma bolinha de pelos, morna cheirosa e macia.
Quase sempre ela se enrosca, para preparar sua magia.
Aí cheiro sua barriga, que ela oferece descarada; sinto o seu perfume, coço o seu pescoço,
sussurro em seu ouvido e ela ronrona de amor.
Nina meu anjo felino, meu doce pedaço de vida, minha gatinha-flor.


Ps. Escrevi isto quando ela ainda estava viva. No momento as lágrimas escorrem pelo meu rosto,
porque mesmo depois de tantos meses, ainda dói muito. Nina, mamãe te ama.




segunda-feira, 22 de março de 2010

O Jogo do Contente

Eu tive a sorte de ler um livro chamado Pollyanna (o clássico), de uma escritora chamada Eleanor H. Porter. Trata-se de literatura infanto-juvenil que li quando já adulta, o que fez com que eu compreendesse e valorizasse o sentido de tudo, que resume-se no Jogo do Contente.
Pode parecer piegas, mas esse foi possívelmente o maior estímulo que tive para enfrentar as adversidades e talvez a maioria das pessoas faça o jogo, sem saber que o faz. O livro foi escrito em 1.913 e conta a história de uma menininha orfã. Quem me conhece sabe que não sou meiguinha. No entanto acredito com sinceridade, que toda criança, jovem ou adulto, de qualquer sexo, deve e precisa ler esse livro. Quando você começar a fazer o Jogo, tenho certeza que os seus problemas serão vistos por você sob uma ótica diferente. Pode acreditar, é uma terapia e tanto, num singelo livrinho. Eu desejo que todos sejam felizes, ou que pelo menos sintam-se confortados. Um beijo. Não no coração, que não sou canibal (Rsrsrsrsrsrs...)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um Quase Atentado ao Pudor - II

Continuando. Tarde da noite, eis que estávamos meu marido e eu vendo um filme na TV quando o inesperado acontece. Primeiro devo descrever o cenário: uma sala com uma estante de parede inteira, na frente de um sofá grande e confortável, que por sua vez ficava encostado a uma janela.
Esta dava para um corredor estreito e o muro da casa. Do outro lado um terreno vago.
Conseguiram visualizar? Como o filme era muito bom, eu me distraí do objeto de minhas alegrias e dores, que pegou no sono. De repente, ele se levanta e, como um raio, pula na janela, numa performance digna de atletas olímpicos pula no muro e do muro no chão. Só tive tempo de subir na janela e vê-lo subir a rua correndo em disparada, apenas de cuecas. De camisola mesmo, pois eu não sabia onde ele ia parar, abri a porta da sala, destranquei o portão e saí correndo atrás. Mas aí ele já tinha desaparecido de minhas vistas. Corri por alguns quarteirões em desespero, quando encontrei-o voltando para casa, tentando esconder-se nas sombras, já acordado. Dessa vez estava "tentando pegar um ladrão que ele surpreendera na nossa casa". Por isso digo que viver com esse homem é oscilar entre o inferno e o paraíso. Dá pra não rir depois? E o melhor é que ele ri junto e ainda faz piada.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Que é Pedofilia?

Se alguém vê um pai seminu abraçando e beijando na boca a filha de 15 anos vai pensar o que? Eu acho que vai considerar como pedofilia e chamar a polícia. Posso até ser retrógrada, mas eu agiria assim. Agora mudemos o quadro. Uma mãe nas mesmas condições, com um filho da mesma idade. Aí a coisa muda? Até autoridades defendem. Aceito um selinho entre pais e filhos noutro contexto, onde é perceptível única e exclusivamente a genuína demonstração de afeto. Não é difícil diferenciar o inocente do malicioso. Salta aos olhos.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Terrível Engano

Acabo de receber um telefonema de minha filha, alertando para um erro na minha postagem de ontem. Eu disse que tenho 58 anos e ela "lembrou-me" que na verdade, eu tenho 35.
Sendo assim, ela nasceu quando eu tinha 16 anos, o que faz com que ela hoje tenha 19 anos. Entenderam o raciocínio? Assim está bom para você Carolzinha? Querendo, eu acho que dá para tirar mais uns dois anos. Mamãe te ama viu?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Será Que Já Sou Idosa?

Na Idade Média, as pessoas eram consideradas velhas com 40 anos de idade; elas morriam muito cedo por causa das guerras, das péssimas condições sanitárias, da falta de antibióticos. Hoje, em pleno século XXI, estamos regredindo. Alguns anos atrás, a pessoa era considerada idosa com 65 anos; depois passaram para 60. Um dia desses, garanto que ouvi um repórter noticiar o assalto sofrido por uma "idosa"(palavra dele), de 54 anos!!!... Chamarem de idosas pessoas de 56, 58 anos já é relativamente comum. Gente, será que estou louca? Agora que a medicina está hiper adiantada, temos remédios e vitaminas, exercícios, recursos estéticos dos mais diversos, estamos andando para trás? Vocês aí que estão beirando os 40, tratem de ficar espertos, porque a água já está batendo nos seus pés. Digam a verdade: com meus 58 anos posso ser considerada idosa? E olha que vocês ainda não me viram de biquini!(Ha, ha, ha, ha...) Beijos.

terça-feira, 9 de março de 2010

Etiqueta na Internet

Queridas pessoas. Nem sei se tenho cacife para falar desse assunto, pois ainda estou engatinhando na Internet, como alguns de vocês. Por isso só vou falar de duas ou tres coisinhas, das quais tenho certeza. Em primeiro lugar, quero avisar que escrever toda a palavra, toda a frase, ou todo o texto em letras maiúsculas, em Internetês significa que você está gritando com o destinatário. E se receber um e-mail pessoal de alguém que importa para você, responda logo, não deixe a pessoa esperando indefinidamente, a não ser por sério impedimento. Por último, por favor, leiam os e-mails recebidos, para não correr o risco do que me aconteceu essa semana; repassei uma mensagem que achei muito interessante e aproveitei para colocar um recadinho meu. Sabem que no outro dia recebi a mensagem de volta, que havia sido encaminhada para diversas pessoas (o que é outro tópico-a ocultação dos destinatários), com o meu recadinho lá. E a resposta? Nada. Hoje o assunto foi chato pra caramba, eu reconheço. Mas quero dizer que continuo amando e aguardando com ansiedade os e-mails de quem "grita" comigo e de quem não lê os meus recados. Beijos e "sorry".

domingo, 7 de março de 2010

A Revanche do Japonês

Ontem eu vi uma coisa curiosa. Saindo da av. Andaló e entrando na Saldanha Marinho, acho que na segunda esquina à direita, tem uma faixa de propaganda, garantindo que um "japa"(é assim que está escrito), tem um pastel de 30 cm. Tudo bem que o tal senhor sinta-se orgulhoso do tamanho do seu pastel, mas à noite estive conversando com algumas amigas e todas nós concordamos que 30 cm é muito, chega a ser indigesto. Entre um e outro, nós preferimos o tradicional, no tamanho certo das nossas necessidades. Desculpa seu japonês, mas o senhor está sendo muito exibido.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Dúvida

Só uma perguntinha. Gostaria que alguém me explicasse. Se a velocidade máxima nas rodovias é de 110 km/h, porque os carros teem uma potência de mais de 200 km/h? Não evitaria um incontável número de acidentes se todos os carros saíssem de fábrica com a velocidade já controlada? Devo estar dizendo uma grande bobagem, pois seria uma solução muito óbvia, mas eu só quero entender.

A Importância do Sapato Certo

Dia desses a cardiologista pediu que eu fizesse um exame de esteira, apenas para checar se o coraçãozinho aqui continua OK, depois de tantos trancos. A assistente ressaltou que no dia eu deveria usar um sapato confortável.
Deduzi que confortável seria um tênis e tome a procurar no guarda-roupas da Carol, entre os objetos deixados para trás. Consegui encontrar um lindo, coloquei uma "legging", uma blusinha básica e lá fui eu, crente que ia arrasar, pois afinal, caminhar é comigo mesma. Já me imaginei num pódio hospitalar, ganhando uma medalha pelo melhor desempenho desde que a esteira foi inventada. Vocês conhecem o tamanho do meu ego.
Fiquei muito decepcionada quando, depois de poucos minutos, eu já não aguentava de dor nos joelhos, na panturrilha, nos dedos, até nas unhas dos pés, se é que isso é possível. Eu com cara de gato que perde o pulo e a moça gentil me consolando e dizendo que até que eu não tinha me saído tão mal assim(!!!).
Cheguei em casa e corri para telefonar para a Carol dizendo das minhas dores e da certeza que eu não havia sido aprovada no teste. De cara ela perguntou o que eu havia calçado. Contei dos tênis emprestados dela.
E ela: -Por que você usou tênis?
Eu: -porque falaram para que eu fosse com sapatos confortáveis!
Ela: -mamãe, você não está raciocinando? confortável para você é um salto de pelo menos dez centímetros!
Aí caiu a ficha. Da próxima vez, calço um belo "escarpin" e que ninguém me segure!...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Maternidade Irresponsável

Meus queridos, hoje o assunto é muito sério. Devo falar de pessoas ignorantes e ou irresponsáveis, que estão despejando no mundo uma legião de crianças pobres, sem pai, ou com pais negligentes, crianças que já nascem desesperançadas.
Quando meu marido e eu achamos que era hora de ter um filho, embora nossa situação financeira fosse favorável, a primeira coisa que fizemos foi abrir uma "poupança-bebê".
Em seguida vieram os exames médicos para saber se estávamos saudáveis.
Hoje, infelizmente, mulheres a partir dos onze anos de idade cruzam (desculpem, mas acho que é a única aplicável para o caso) e procriam indiscriminadamente. Se questionadas, dizem que foi a vontade de Deus. Geeente! o milagre divino está na possibilidade da fecundação, na perpetuação das espécies. O momento da fecundação é outra história, que muitas vezes acontece até de maneira degradante.
E quem paga o preço desse engano? Nós, os sensatos.

terça-feira, 2 de março de 2010

Um Quase Atentado ao Pudor

Pois bem. Numa das primeiras vezes em que dormi com meu marido, acordei no meio da noite com ele me pegando no colo e dizendo suavemente: "-calma meu amor, que eu vou te tirar daqui!". Em seguida fui transportada a galope através do quarto, atravessamos o corredor, a sala. Eu não estava entendendo o que acontecia e nem do que estava sendo salva, mas
sabia que ambos estávamos totalmente nus e não poderíamos ir assim para a rua. Protestei com veemência, argumentando que só sairia se ele explicasse do que estávamos fugindo e vestíssemos alguma coisa. Aí ele acordou. Muito sem jeito disse que era sonâmbulo e que estava sonhando que a casa desabava. Ufa! essa passou perto! Mas ainda vou contar pra vocês da noite em que eu saí correndo atrás dele por mais de dois quarteirões, eu de camisola e ele de cuecas.

Sobre o Inferno Astral

A quem interessar possa, já fui informada de que para resolver o meu problema astral eu devo acessar http://sacdivino.org/. Já registrei a minha reclamação e aguardo providências.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Xifópaga

Para quem não sabe, meu marido é deficiente físico e eu sou xifópaga. Agora explico: em decorrência de uma cirurgia, foi retirada parte do cerebelo e o nervo acústico esquerdo dele, o que fez com que seu equilíbrio se perdesse totalmente. Foi aí que eu virei xifópaga, pois ganhei um amado apêndice de 1.85 m. Como ele anda sempre apoiado em mim, eu também me desequilibro quando estou sozinha. Somos felizes. Primeiro porque estamos juntos e depois porque temos a Caroline, nossa filha maravilhosa, que nos dá suporte emocional a qualquer momento e ajuda física sempre que pode. Também contamos com muitos amigos queridos.
"C'est la vie"!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Inferno Astral

Ontem eu conversava com a minha querida amiga Heloísa, que só para constar, entre outras qualidades, faz o melhor doce de jaca do mundo. Funciona assim: nosso amigo Leandro dá a jaca, a Heloísa faz o doce e me premia com um potinho de pura delícia. Pois bem, o doce entrou na história por acaso. O fato é que ela me disse que seu inferno astral terminaria hoje, que é o aniversário dela. Aí eu perguntei pra ela com quem a gente devia falar para resolver esse tipo de asssunto, pois o meu inferno astral está durando quatro anos e acho que alguém perdeu a minha ficha e esqueceu.
Docemente, como é seu jeito, ela disse para falar com o meu anjo da guarda. Acontece que eu já falei com ele e com todo mundo que eu conhecia "lá em cima" e não adiantou.
Falei diretamente com o Chefe e também não resolveu. Se algum de vocês souber quem é responsável pelo setor de encerramento do inferno astral, por favor, interceda por mim. Antecipadamente agradeço.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Humanos caninos e felinos

Tenho uma teoria de que as pessoas teem preferencia por animais de estimação com a personalidade parecida com as suas: há humanos caninos e humanos felinos. Amo os gatos desde que me lembro e sou muito parecida com eles: só amo quem me ama, aos que não me amam, minha solene indiferença. Prezo acima de tudo a minha liberdade: que ninguém tente me impor qualquer coisa. Para os que privam do meu afeto estou sempre atenta e disponível, mas silenciosamente. Gosto de presentear, embora não seja ratos nem lagartixas(são alguns dos presentes que os gatos gostam de oferecer). Como os gatos, caio; mas sempre de pé. Miau para voces.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tatuagens

Você tem tatuagens? eu tenho tres. Cada uma delas é especial e foi decidida com muita calma, para que jamais eu me arrependesse. Detalhe: todas foram feitas depois dos quarenta anos. Velha assanhada? -não, pois normalmente não se pode vê-las. Por que as fiz? -porque acredito que só na maturidade a mulher é dona do próprio corpo; não há pais nem mães para discordar, não há um futuro profissional que possa nos barrar, não há homens que coloquem seus ciumes e vontades acima das nossas. Por isso cara amiga (ou amigo, pois vale também para vocês), se teem esse desejo gritante ou mesmo sussurrante lá dentro de voces, agora é a hora. Liberdade!

Das vezes em que morri-Capítulo I

Eu tinha um colega de trabalho que gostava de brincar com a sua pistola (não, não é o que você está pensando. Que vergonha!). Era uma arma de fogo, o que não deixa de ser um símbolo fálico, principalmente no caso dele. Tínhamos sérias desavenças sobre isso, e, um dia, como era de se esperar, a arma disparou. Conforme a perícia, o tiro teria acertado a minha cabeça, se no momento do fato eu estivesse na minha mesa. Pessoas presentes contaram que ele ficou extremamente pálido e trêmulo, apavorado com a possibilidade de que eu estivesse sentada ali. Essa foi a primeira vez.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ôbaaa...

Finalmente acabou o carnaval e eu voltei a ter acesso a outra das delícias da minha vida, que é abrir o e-mail e achar a caixa de entrada cheia. Adoro saber que os meus
amigos continuam a postos, generosos a ponto de dar notícias, fazer-me rir ou chorar,
tornar-me mais sábia ou um pouquinho mais ruim, pois isso às vezes é bom e necessá-
rio. Bem-vindos!...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Delícias

-Beber água, quando estou com muita sede;
-Fazer xixi, quando muito apertada;
-Cair na própria cama, quando tonta de sono;
-Cheirar cabeça de bebê e barriga de gato(barriga de cachorro também vale);
-Sexo com desejo;
-Feijoada;
-Vinho com os amigos;
-Dar presentes;
-Mergulhar os pés no rio ou no mar;
-Cheiro de terra molhada e de mato;
-Saber que sou importante para alguém;
-Comer pipoca com manteiga e coca-cola;
-Ouvir uma boa piada;
-Pequi com arroz, ou mesmo pequi com pequi;
-Frio (bem agasalhada);
-Música;
-Um bom livro;
-Torreeesmo!;
-Shoppings (mistura de bons odores, segurança e ar condicionado);
-Chorar de alegria;
-Dormir em paz com a consciência;
-Etc...etc...etc...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Só Compra se Disser o Nome

Não sei se acontece com você, mas comigo é batata! Pronto, entreguei a idade. Quando entro numa loja e peço uma peça tal, número tal, o(a) vendedor(a), antes de qualquer coisa pergunta: -sim, mas qual o seu nome? Dois problemas: 1-não gosto de dizer meu nome para qualquer pessoa; 2-ando desconfiada de que agora todos os produtos veem de fábrica já direcionados: calça 38 para Joana, sapato preto 36 para Teresa, colar de pérolas para Cristina. Acho que é isso mesmo, pois geralmente quando digo meu nome, o produto está em falta. Tem uma Marta por aí, que tem as minhas medidas e é mais esperta, pois na maioria das vezes chega primeiro. Será que se eu arriscar um nome diferente cola?

Michael Jackson

Assisti finalmente, ao filme "This is it". Vou adiantar que sou fã incondicional de Michael e me acabei de chorar quando ele morreu.
O filme, como você sabe, mostra os bastidores dos ensaios da turnê mundial que ele faria. Mais uma vez fica evidente a genialidade dessa pessoa que fazia tudo com perfeccionismo e profundo conhecimento de tudo que envolvia sua arte.
Mas vi um Michael Jackson contido, segurando a voz e os movimentos.
Talvez ele já não estivesse tão bem de saúde. This is it.

Pole Dance

Dia desses, acordei meio "down". Como sempre encontro uma solução caseira, resolvi que precisava enxergar o mundo de cima. Solução feminina, conveniente e lógica: fui imediatamente a uma loja e pedi à atendente um par de sapatos de saltos bem altos. Candidamente, a gentil mocinha fez a pergunta da moda: -é para um evento? Aí o diabinho cutucou. No tempo em que eu olhava embasbacada para ela, porque você há de convir que a resposta para essa questão é complicada, pensei primeiro em dizer:
-não, querida, é que eu adoro dormir de saltos altos. Ou, -não,é que eu vou fazer "pole dance" no poste da esquina lá de casa!. Aí percebi que uma senhora de minha idade dançando a pole na rua, certamente seria O Evento. Desisti de responder e percebi que ela ficou aliviada, depois de tanto silêncio. Enfim, encontrei o sapato, (lindo por sinal) e saí por aí poderosa, no alto de 1.80 m.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Start

Começo hoje a postar. Pretendo dividir coisas banais e coisas extraordinárias (porque elas acontecem muuito na minha vida, pode acreditar). Como a criatividade e os fatos são imprevisíveis, espero voltar em breve. Um abraço.