quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Adaptação de um texto de Artur da Távola


"Quem diz que gato é arrogante, egoísta, safado e espertalhão não conhece um gato.

Gato é zen, é Tao, vê além do homem e relaciona-se com a essência.

Exige respeito pela sua individualidade, mas também sabe respeitar a dos que o cercam.

Não pede amor, mas é exigente com quem ama e exige retribuição.

Discreto, quando manifesta afeto é muito verdadeiro.

Se o homem não sabe ver o gato, o gato sabe ver o homem.

Vê mais, vê dentro, vê além.

O gato é uma lição de harmonia, equilíbrio e fidelidade.

Suas manifestações são íntimas e profundas, vive do verdadeiro e não se ilude com aparências.

Em toda a natureza, ninguém aprendeu a bastar-se como um gato!"
Por quê escrevo tanto sobre gatos? Porque eu tenho alma felina.

domingo, 10 de outubro de 2010

Rótulos

Quero me despir
de todos os rótulos.
Que afastam
e blindam.
E quando todos eles caírem
surgirei livre,
Fêmea e Fênix.
Os rótulos, vou guardá-los
cuidadosamente.
Depois de morta
Podem (e devem) recolocá-los.
Pois é sabido que os mortos
Quase sempre são santos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tristeza

Estou tão triste, tão triste, que dói. Literalmente. Sinto uma dor tão grande, que sai do coração e chega à garganta, onde se condensa em um nó permanente. Como pode uma pessoa viver sem sonhos? Como viver sem esperança? Sem emoção? Tão ferida estou, que gostaria de me deixar morrer. A cada dia reajo menos, mais difícil me arrastar em busca de um pouco de alegria, o alimento que me mantém. Mas não há um pedaço de mim que não esteja ferido. Às vezes me aproximo de pessoas que poderiam me fazer um afago que aqueceria meu coração. Mas não sei se elas não percebem o quanto poderiam me ajudar, ou interpreto como agressão as mãos que para mim se estendem. Então mordo. E volto ao meu canto, mais dolorida. Desisti. Uma criatura tão ferida não deve se aproximar de ninguém. Nada de bom tenho a oferecer, já me esvaziei...

domingo, 3 de outubro de 2010

Fruta Madura

Nua na frente do espelho, ela se olha de relance.

Não queria, mas precisa.

Por quê a natureza lhe pregou essa peça?

Se aproxima e relutante se toca: cabelos, rosto.

Corpo nas corretas proporções.

Com as mãos em concha, sente o peso dos seios.

Redondos e sensíveis.

Toca a maciez da pele.

Barriga, coxas, nádegas, quadris.

Fruta madura e doce.

Esquecida, no fundo de uma gaveta.