terça-feira, 12 de maio de 2020

Família

Não há como programar a vida. Quando jovem olhava para o futuro e me via ao lado daquele que para mim seria o primeiro e único marido, cercados de filhos, genros, noras e netos, numa casa espaçosa e agradável e uma mesa de jantar gigantesca. E os natais então? seriam só risos e alegria. Tinha certeza que isso aconteceria se eu fosse uma boa esposa e mãe, se o amor e os bons costumes morassem na minha casa. Tanto me dispus a isso que abandonei um excelente emprego quando minha filha nasceu, para viver apenas para os meus.Coloquei-os em primeiro plano, abri mão de muitas coisas, maquiei as coisas ruins que eu achava que mudariam com minha dedicação e preces. Meu objetivo sempre foi me aperfeiçoar para envelhecer feliz, cercada por todos que eu amava e achava que me amariam da mesma forma. Primeiro erro: achar que homens mudam e ignorar os sinais. Segundo erro: pensar que filhos adotivos te amam da mesma forma que os amamos. Terceiro erro: pensar que só a educação forma o caráter dos filhos, sem saber que eles praticamente trazem tudo na genética. Ninguém me pediu para me doar, mas minha prepotência travestida de ignorância me fez achar que eu podia tudo. Apostei nas fichas erradas, joguei um diploma e um emprego fora, me entreguei de corpo e alma e perdi tudo.