domingo, 25 de dezembro de 2016

Velhice

Por que a maioria dos idosos é mal-humorada ou triste? Muita gente pensa que a vida simplesmente azeda as pessoas, sem motivo aparente. Considero a velhice como a pior doença porque ela não pode ser evitada e traz em si tudo de ruim que pode acontecer ao ser humano e ninguém quando jovem tem noção exata do que ela significa. Começamos perdendo gradativamente tudo de melhor que temos em todos os níveis. Lá se vão as alegrias, os prazeres, os amores, substituidos por dores emocionais e físicas. Vamos nos tornando um fardo pesado para nós mesmos e para os outros, porque o ser humano não dá sem receber. Os bebês dão trabalho mas encantam os adultos com sua beleza e graça, mas os velhos não possuem nada disso. Podem contar com uma condescendência respeitosa e alguns gestos de carinho quando têm presentes a oferecer e herança a deixar. Mas fica clara a falta de amor e paciência. Algumas pessoas de sorte conseguem morrer antes de conhecer esse aspecto triste da vida, outros conseguem apagar a mente e se refugiar num passado feliz. Mas a maioria sofre a o castigo de alcançar uma idade avançada sem perder a lucidez. Triste sina não conseguir que seu corpo e sua mente permitam que a pessoa permaneça útil e não um móvel velho atrapalhando a passagem dos jovens.

domingo, 16 de outubro de 2016

Helenas

Sempre achei que o nome dá ao proprietário certas características. Quando era bem pequena e ainda não sabia nada de sexo, eu achava que as pessoas se casavam apenas para ficar perto das pessoas que amavam. Minha mãe conhecia uma moça chamada Helena, que eu considerava perfeita; por isso eu dizia a todos que queria casar com ela. Desde então percebo que tenho uma afinidade natural e especial com todas as Helenas, embora não queira mais casar com elas(rsrs). Pode ser que seja no primeiro ou no segundo nome, sendo Helena, a simpatia é instantânea e mútua.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Meu Momento

Sou despreparada pra muita coisa, mas duas eu sei bem: observar e analisar. Por um tempo andei por aí distraída, talvez acomodada. Um dia percebi que estava perdendo o riso, vi a criança indo embora e o tédio se instalando. Não aconteceu nada diferente e talvez aí estivesse a origem do problema. Estabeleci o prazo de uma semana para calar, observar e analisar. Só precisei de cinco dias para tudo se mostrar numa clareza absoluta e a partir daí remanejei algumas rotas, coloquei-me em primeiro plano e hoje tenho certeza que tudo está como deve.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Objeto ou Abjetas?

Ontem fiquei na internet até bem tarde vendo o que acontece por aí. Fiquei triste e revoltada com grande parte das mulheres brasileiras. O novo modelo de mulher é a boneca sexual. Muito peito, muita bunda, coxas grossas, cintura fina e pouca cultura, para não ter profundidade de raciocínio e aprender a dizer não. Estão perfeitas para o padrão dos homens egoístas e vazios. Essas mulheres acham que corpo antinatural e sexo acrobático conquistam o amor. Não admitem que saem insatisfeitas, porque esse tipo de homem não se preocupa com a satisfação de suas parceiras, eles querem apenas sexo oral e anal bem feito, e, talvez levados pelos filmes pornográficos produzidos pela mesma qualidade de homens, acham que uma mulher desfalece de prazer diante do órgão sexual masculino e se for-lhes dada a honra de ter contato com ele será a glória das glórias. Homem de verdade não está nem aí pra detalhes anatômicos femininos como estrias, pouco peito ou pneuzinho, eles gostam do cheiro e do gosto de sua mulher, acham sempre que ela é a mais perfeita de todas e se preocupam se ela está feliz. Isso é amor, o resto é uma masturbação masculina mais prazerosa, já que estão conseguindo algo mais real que as bonecas infláveis.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A História do Caroço de Manga Gigante ou Do Que Era Pra Ser Mas Não Foi

Um dia contratei uma empregada que eu não conhecia mas me foi recomendada. Para todos os efeitos vamos chamá-la de E. Do tipo que pode-se chamar de cheinha, mas nada fora do normal. Inclusive usava shorts jeans o tempo todo e camiseta. A família morava no interior e ela passou a viver em minha casa. Num belo dia ela ficou muito quieta e de vez em quando fazia uma expressão de dor. Preocupada, perguntei o que estava acontecendo e ela me disse que tinha tido malária e isso estragara o seu fígado, mas ela era louca por manga verde com sal e toda vez que ela comia tinha cólicas horríveis. Quis levá-la ao médico mas ela achou desnecessário e disse que elixir paregórico sempre resolvia. Comprei o tal do elixir e entreguei para ela. Nisso passou o dia e fomos dormir. De madrugada eu ouvi barulho na cozinha e fui ver se ela estava bem. Não estava. Disse que a dor estava muito forte e por isso estava tomando mais remédio. Por acaso percebi que a camisola dela estava toda molhada na parte de trás.  Apesar dos protestos dela falei que se vestisse rápido enquanto eu chamava meu marido para levá-la ao hospital. Acordei o coitado e ele argumentou  que poderia levá-la de manhã. Recusei terminantemente, praticamente derrubei-o da cama, alegando que a pobrezinha estava com tanta dor que tinha feito xixi na roupa. E lá se foram os dois. Fiquei acordada esperando e quando ele chegou pouco tempo depois, disse que o médico dissera que faria uma lavagem estomacal e não adiantava ele esperar, que voltasse no outro dia de manhã. Logo cedo derrubei o pobre homem da cama e lá se foi ele de novo para o hospital. Passado um tempo voltou sozinho, de olhos arregalados e me dizendo que E tinha expelido um caroço de manga de mais ou menos 50 centímetros.  Já entenderam o que aconteceu? Quando o médico se preparava para fazer a lavagem estomacal e pediu a ajuda de uma enfermeira, ela, enfermeira experiente, deu um sorriso e mandou que  E abrisse as pernas. Então mostrou para o médico atônito a cabeça de uma criança coroando. Acreditam que nasceu um menino de peso e comprimento normais? Este é apenas um exemplo das coisas malucas que acontecem na minha vida.

domingo, 17 de abril de 2016

Energia Negativa ou Vampiros Emocionais

Acredito em energia positiva e negativa. Acredito porque tenho muita sensibilidade e posso perceber cada uma delas. Da negativa tenho que me afastar porque não sei como blindar meu corpo e acabo absorvendo-as. Conheci a pouco tempo duas pessoas que sempre me passavam uma sensação de desconforto. Ao lado delas eu não brincava como faço normalmente, sentia que elas não gostavam de mim, por mais que tentasse agradá-las. Até então ocasionalmente eu sentia dores nas vértebras do pescoço. Quando comecei a conviver com essas pessoas mais intensamente,logo que as encontrava a dor aparecia e quanto mais tempo passasse mais aumentava e começou a descer pela coluna até atingir o cóccix. Tornou-se tão insuportável que a certo momento eu não aguentava mais e tinha que ir embora. Chegando em casa tomava um banho longo, um analgésico e só estão a dor passava. Com o tempo foi ficando tão forte que não passava no primeiro dia. E eu não associei a dor à presença delas, talvez porque tenha subestimado o poder da negatividade delas. Felizmente um dia houve um desentendimento entre nós, quando elas deixaram claro que eu era uma estranha no ninho. Desse dia em diante eu cortei qualquer relação com elas e dias depois acordei para o "milagre": minhas dores na coluna tinham desaparecido. Há vampiros sim, não é lenda. Só que são vampiros espirituais.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Valentina Rojková

Eu tinha sonhos grandiosos. Tão grandiosos que eu não os imaginava passíveis de acontecer e me contentava em tê-los apenas em minha imaginação. Um dia deixei de sonhar porque achava que até o tempo dos sonhos tinha acabado para mim. No dia 24 de dezembro de 2014 eu estava em Buenos Aires quando recebi uma ligação do outro lado do mundo e minha filha me dizia que estava grávida. Assim, como se joga uma bomba no colo de alguém. Na hora não me preocupei em saber a opinião do pai da criança, eu só queria aquele bebê com todas as minhas forças. Fiquei em transe absoluto até 1º de janeiro quando outro telefonema me avisou que ela tinha ficado noiva e que eles queriam se casar o mais rápido possível. Ainda como um autômato começamos a corrida de cartórios, ministérios e consulados e finalmente casaram-se em abril. Só então acreditei que metade de meu grande sonho já estava realizado pois minha filha estava grávida e casada com o rapaz mais maravilhoso que já conheci. Restavam agora as agonias e alegrias da gravidez. Cada mês passava com a morosidade de um ano e finalmente em 04 de setembro pude receber nos braços minha neta Valentína Rojková, a pessoinha mais maravilhosa que pode existir. Eu a amo tanto e estou tão feliz com minha familiazinha que tenho medo de acordar e descobrir que estava sonhando.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Na contramão

Tenho sempre a sensação de ser inadequada, por toda minha vida achei tudo que uma criança estranha pode achar: que era adotada, alienígena, alguém estranho no ninho. Até que descobri que aqui não era o mundo e a maioria das pessoas com quem sempre convivi  não o representava. Sei que muita gente me acha chata, outros prepotente. Eu também me acho às vezes e já derramei muitas lágrimas sonhando ser como os outros para viver contente, entrosada e não sofrer bullying. Já nasci filha única, quando isso era um fato raro; nunca gostei de sujar os pés ou as mãos, comecei a ler muito cedo e era o que mais amava fazer. Tenho alergia a picada de pernilongos, odeio sol quente ( me dá brotoejas), detesto fofocas, pessoas que se divertem à custa das outras, sempre achei errado pegar frutas de quintal alheio às escondidas, cumpro sempre o prometido e acho que um compromisso marcado para 8;00 hs não significa 8:01, muito menos 9:00 ou 10:00 hs. Acho que as leis devem ser respeitadas para organização da sociedade e a boa convivência.  Costumo mentir muito pouco e apenas nos casos necessários, por educação ou respeito. Não gosto de carnaval, de funk, de pagode ou se samba, detesto futebol. Não gosto de barulhos desnecessários, de pessoas que gostam de se intrometer na vida alheia, inclusive na intimidade. Sou apaixonada por gatos, principalmente os pretos. Gosto de momentos de solidão, para fazer as coisas que gosto ou para reflexão. Não acredito nos ditos livros sagrados, nem nos profetas e Deus para mim é apenas uma possibilidade totalmente distante e incompreensível, que, se existe, certamente não se intromete em nossas simples vidinhas. Não temo a morte, já que a considero tão ou mais natural que o nascimento. Apenas gostaria que ela fosse para mim o mais digna e indolor possível.Acredito que as coisas acontecem por acaso, mas principalmente pela interferência da maldade ou bondade humana. Amo e respeito meu corpo, por isso não sou a favor de nenhum tipo de droga. Gosto de ser livre, por isso não aceito dependências, nem mesmo das redes sociais. Mesmo sendo assim não significa que eu não respeite as pessoas que são diferentes de mim e que interfira na vida alheia. Mas o inverso não funciona, sempre querem me provar que estão certas e que eu devo mudar. Isso é impossível, eu cometeria uma violência enorme comigo mesma e tenho certeza que enlouqueceria. Mas andar na contramão tem uma consequência triste, a solidão intelectual, quando a gente não tem com quem compartilhar idéias e o que nos resta é o silêncio ou  um sorriso estúpido congelado no rosto.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Lembranças

Na fazenda de meus avós, chamada Centro, as rodas d'água eram responsáveis por grande parte da economia. Uma movimentava o monjolo, onde tirava-se a casca do arroz e socava-se o milho para fazer fubá e canjiquinha. Outra girava a moenda de cana para fazer a garapa e dela o açúcar e a rapadura. Fervia em enormes tachos de cobre e exalava um cheiro delicioso. Parte dela era usada para fazer a cachaça Centralina e muitas vezes trabalhadores eram encontrados ao lado dos alambiques totalmente bêbados de tanto experimentar. Eram expulsos imediatamente por minha avó Isabel, empregadora justa mas exigente. E tinha ainda a roda maior da madeireira, que acionava os enormes serrotes, mas seus dentes vorazes me amedrontavam e eu não me aproximava muito. Gostava mesmo era de "ajudar" um senhor de pele cor de carvão, descendente dos escravos da família que continuaram na fazenda depois da Lei Áurea e a quem eu chamava de compadre. Hoje percebo que minha cooperação não era tão valiosa quanto eu achava, pois enquanto ele carregava feixes de cana eu conseguia levar apenas o pedaço de uma. Mas conversávamos muito em nossa jornada de trabalho e ele contava-me histórias maravilhosas.