quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Fuzil, o Cachorro.

Minha mãe conta que quando eu era bem pequenina tínhamos um cachorro chamado Fuzil. Não riam, porque mais um nome e uma situação pitoresca surgirá; eu tinha um babá (?) chamado Brasil. Um dia eu estava sentada no pátio e Fuzil apareceu espumando e rosnando e começou a andar em volta de mim, muito perto do meu corpo. Brasil tentou me pegar no colo e foi violentamente repelido pois ele não permitia que ninguém se aproximasse e continuava no seu interminável girar. Aí perceberam que ele estava com raiva e na cabecinha dele, mesmo doente, achava que tinha que me proteger. Meu pai foi obrigado a atirar nele com uma espingarda, o que foi muito difícil, porque teve que achar um ângulo que não me acertasse e a certa distancia, porque Fuzil estabeleceu um grande círculo que ninguém podia ultrapassar. Ainda bem que não me lembro, porque seria muito triste saber que o ultimo pensamento daquele serzinho foi voltado para mim.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

A Medalha

Minha avó Amélia tinha quatro filhos homens. Sendo meu pai o mais velho e o primeiro a casar, ela deu à minha mãe um par de brincos que estava na família há anos e ficou com a medalha(foto) que pertencia ao conjunto. Desse casamento nasci, única filha. Um dia minha avó me mostrou a medalha e disse que seria minha para voltar a ficar junto aos brincos. Passaram-se os anos e não pensei mais no assunto até que minha avó faleceu.Notamos que meu avô estava se desfazendo das jóias dela, presenteando namoradas e me lembrei das palavras de minha avó sobre a medalha. Mas como cobrar isso dele? dei o assunto por encerrado. Quando meu avô morre, já despido de todas as jóias, vem a surpresa: uma caixa de papéis velhos que ninguém quis foi a mim destinada, já que gosto muito de saber dos meus antepassados. Minha mãe pega a caixa para me entregar e resolve ver o que tem dentro. Aí você pode imaginar o que aconteceu; embaixo de toda papelada já desbotada pelo tempo, encontra uma caixinha redonda, toda enferrujada e dentro da caixinha, a MEDALHA. Vó Amélia cumpriu sua palavra, mesmo depois de morta.

terça-feira, 9 de julho de 2019

De Volta

Hoje eu quis voltar. Minha realidade transformou-se totalmente, virou do avesso ou de ponta-cabeça. Numa situação de caos total, quando parecia não haver saída, tudo se desfez gradativamente. E gradativamente tudo se reconstruiu de uma forma totalmente diferente, como um prédio de estrutura errada que é desfeito e refeito
. Tudo que pretendia encontrar na vida antiga evaporou-se e tive que esperar para ver tudo renascer de outro jeito. Tanta dor pariu algo muito mais belo do que aquilo a que tanto me apeguei no passado. Aprendi duas coisas muito importantes: que é impossível controlar a nossa vida e que sempre há uma saída para todos os problemas. Em vista disso basta ter calma, entrar em sintonia com o universo e viver pelo agora, não pelo que foi ou virá a ser.