segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Nos Tempos da Pandemia


           O fruto da pandemia se chama saudade. Foi inoculada em mim, de mim se nutriu, espalhou seus galhos, produziu flores pálidas com cheiro de morte. E frutos que à noite me causam terríveis e constantes pesadelos e de dia imensa saudade. Saudade doída, massacrante, destruidora, excruciante. Sangro constantemente. Não há nada que destrua essa praga antes que ela destrua a mim. Por mais que eu faça ela nunca vai embora, nunca consigo me livrar de sua aterradora presença invisível. Só precisava ver meus netos por alguns minutos para voltar a viver.