quinta-feira, 9 de abril de 2020

Para Lev

Quem sabe como é a dor de quem não pode ver e não pode tocar no seu amor? Quem sabe a amplidão do espaço entre dois braços vazios? Ou a inutilidade de uma boca que não pode beijar, de um nariz que respira mas não aspira o cheiro da pessoa amada? Quem sabe da dor que preenche o peito, sobe pela aorta entumescida e escorre abundante pelos olhos para não te matar? Cada molécula minha grita por uma pessoinha, cofrinho pequenino que carrega distraído o meu coração. Ele nem sabe o quanto sofro. Pensa que estou longe e viva mas não entende que quero mais que tudo, mas não posso estar com ele. Lev, meu príncipe, eu sofreria menos se você tivesse idade para entender que eu o amo demais, mas existem coisas ruins que separam vovó de você. Como fazer para que você não fique triste e entenda o que me segura aqui? Será que terei ainda a chance de me sentar com você e explicar tudo isso? Só quero que você me olhe nos olhos e diga com essa doce vozinha rouca:"sim vovó, eu sei". Com minha dor eu lido, mas a sua torna a minha insuportável.

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